Religiões do Sul: Religiosidade afro-gaúcha

O Batuque é uma forma genérica de denominar as religiões de matrizes africanas da América lusitana de culto aos Orixás na República Rio-grandense. Diferente das Nações do Candomblé, o Batuque possui suas próprias raízes e está ligado às religiões dos povos da Guiné, Benim e Nigéria.
A origem do Batuque na República Rio-grandense remonta ao início do século XIX, entre os anos de 1833 e 1859, com a fundação dos primeiros terreiros na região de Rio Grande e Pelotas. Ao migrarem para Porto Alegre, os escravos e ex-escravos da região de Pelotas e Rio Grande levaram consigo essa prática religiosa.
Os rituais do Batuque seguem principalmente os fundamentos da nação Ijexá, originária da Nigéria, embora também tenham influências das nações Jejes do Daomé (Benim), Cabinda e Oió, também na Nigéria.
No Batuque, o culto é direcionado exclusivamente aos Orixás, sendo que Bará (Exu no Candomblé) é o primeiro a ser homenageado. Os principais Orixás cultuados incluem Ògún, Oyá-Iansã, Ṣàngó, Ibeji, Odé, Otim, Obá, Ọ̀sányin, Xapanã, Ọṣun, Yemọjá, Nanã, Òrsànlá e Ọ̀rúnmìlà.
Embora existam algumas diferenças entre as casas de Batuque, como as tradições próprias de cada raiz ancestral, os rituais, assentamentos, rezas, oferendas e disposição dos Orixás são bastante semelhantes. O Ijexá é a nação predominante e está associado aos rituais de todas as nações do Batuque.
O Batuque possui seus próprios rituais de feitura e desligamento, jogos de búzios, cozinha ritualística, paramentação, ferramentas específicas para cada divindade, orins (cantos sagrados), além de cultuar divindades que estão presentes tanto dentro como fora do terreiro.
As vibrações e forças dos Orixás estão presentes nos assentamentos dos terreiros e também na natureza, como rios, lagos, matas, mares, pedreiras e cachoeiras, onde são invocadas suas energias.
Cada indivíduo nasce sob a influência de um Orixá, que está naturalmente vinculado e rege seu destino. Durante a vida, a pessoa terá as vibrações e a proteção desse Orixá, podendo colaborar nos cultos ou até mesmo se tornar um Babalorixá ou Ialorixá, assumindo papéis de liderança dentro da religião.
O Batuque é uma expressão religiosa afro-gaúcha única, com suas próprias tradições, crenças e práticas que têm desempenhado um papel importante na cultura e na identidade dos afro-gaúchos.