As Civilizações de um Mundo Multipolar

As Civilizações de um Mundo Multipolar

A abordagem sobre a multipolaridade nos leva a considerar como essa distribuição de polos poderia ocorrer no contexto das civilizações contemporâneas. Em um mundo multipolar, os polos seriam representados pelas civilizações, que são complexos histórico-culturais com raízes comuns, abrangendo antropologia/etnossociologia, espiritualidade, valores e visões de mundo. A ideia de uma única civilização é uma construção do universalismo iluminista ocidental liberal, e reconhecer a pluralidade civilizacional é essencial.

Diversos pensadores influentes, como Oswald Spengler, Carl Schmitt, Arnold Toynbee, Nikolai Danilevsky, Samuel Huntington, Alexander Dugin e Andrey Korotayev, têm discutido o pluralismo civilizacional. Eles consideram as civilizações como os verdadeiros sujeitos históricos e a viabilidade dos Estados-nação isolados como sujeitos históricos se esgotou. Em vez disso, eles defendem a ideia de impérios ou estados-continentes/confederacionismo como estruturas políticas aglutinadoras de povos e etnias, representando as civilizações.

Nesse contexto, podemos considerar os polos de um mundo multipolar como os Grandes Espaços de cada civilização, que podem se manifestar como impérios ou estados-continentes/confederações. Alguns possíveis polos incluiriam:

  1. Civilização Ocidental, com os Estados Unidos como núcleo e possivelmente abrangendo o Canadá e territórios insulares. A Grã-Bretanha também poderia estar ligada a esse polo.
  2. Civilização Russo-eurasiática, incorporando como núcleo a Rússia e os antigos territórios soviéticos e parte da Europa Oriental.
  3. Civilização Sino-eurasiática, incorporando a China como Núcleo e abrangendo também a Península Coreana, o Sudeste Asiático e talvez o Japão e outras ilhas do Pacífico
  4. Civilização Europeia, incorporando a Alemanha, França, Itália, Espanha e Grécia como núcleo e se estendendo desde Portugal até as fronteiras da Civilização Russo-eurasiática.
  5. Civilização Ibero-Americana, englobando da Argentina ao México.
  6. Civilização Caribe-americana, englobando as ilhas do Caribe.
  7. Civilização Islâmica, possivelmente com um centro xiita no Irã e um centro sunita na Turquia ou Arábia Saudita, abrangendo o Norte da África e o Oriente Médio.
  8. Civilização Indiana, com a Índia como núcleo e incorporando países vizinhos, como Butão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka.
  9. Civilização Africana, com o núcleo ainda indefinido, mas com países como a África do Sul em vantagem, abrangendo toda a região subsaariana.

É importante destacar que esses polos são hipotéticos e baseados em possíveis conjecturas. Eles não refletem uma realidade atual, mas são possibilidades teóricas dentro do conceito de multipolaridade e pluralismo civilizacional. Além disso, uma desocidentalização cultural e psicológica poderia levar a mais formações adicionais, como uma possível Civilização Austro-polinésia com a Austrália como núcleo e uma Civilização Austro-americana, União do Cone-Sul com o Uruguay como núcleo, abrangendo também o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Ao pensar em um mundo multipolar, é necessário reconhecer a diversidade de civilizações, culturas e cosmovisões. O mundo não é unidimensional, e é fundamental expandir nosso horizonte intelectual para compreender a complexidade e os desafios de um mundo plural, com diferentes civilizações e suas respectivas perspectivas contrapondo o universalismo liberal obliterador de povos.

Guilherme Fernandes

Guilherme Fernandes

índio gaúcho e vice-presidente da Resistência Sulista

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