Marco histórico da China: Uma Quarta Teoría Politica chinesa se desenha no horizonte do Mundo Multipolar

China exclui o marxismo, o leninismo, o maoísmo e outras ideologias de seu livro de regras do governo
A China outrora consagrava oficialmente em seus cânones governamentais o marxismo, leninismo, maoísmo e outras ideologias. Atualmente, contudo, rompeu com essas raízes e transmutou seu ‘socialismo com características chinesas’ em uma ideologia genuinamente sinóptica
A China não é o primeiro país ex-marxista – Estado comunista a fazer isso. Em 2009, a República Popular Democrática da Coreia, mais conhecida no ocidente como “Coreia do Norte”, fez o mesmo removendo toda e qualquer menção a Marx, marxismo ou figuras comunistas relacionadas e termos de sua constituição nacional e currículo educacional. Assim, “Korean Juche” tornou-se sua própria visão de mundo.
A China está imbuída de um significativo processo de metamorfose em sua arquitetura de poder e foco ideológico. A exclusão das ideologias marxista, leninista e maoísta, entre outras, do catálogo normativo do governo, em prol do pensamento político de Xi Jinping, denota um movimento de consolidação do poder em torno do atual presidente, concomitantemente à minimização da influência de líderes pregressos.
Essa reformulação institucional, que centraliza o poder executivo nas mãos de grupos de trabalho do Partido Comunista, sugere uma maior centralização da liderança e possivelmente uma tentativa de fortalecer o controle do Conselho de Estado. Com essas mudanças, parece que a lealdade a Xi Jinping é enfatizada como um princípio fundamental.
A postura do governo chinês de centralizar o poder em torno de Xi Jinping e excluir outras ideologias do livro de regras do governo pode ser relacionada, em certa medida, ao pensamento de Carl Schmitt, um teórico político alemão conhecido por suas ideias sobre soberania e liderança política.
Fazendo um paralelo de como o pensamento de Carl Schmitt se faz presente no governo de Xi Jinping, se nota pela importância da liderança política forte e centralizada, enfatizando a necessidade de um líder carismático e de pulso firme para tomar decisões efetivas em momentos de crise. Ele argumentava que a soberania política está enraizada na figura do líder soberano, que representa a vontade do povo e possui o poder de tomar decisões finais sem restrições.
No caso da China, a centralização do poder em torno de Xi Jinping pode ser vista como uma tentativa de fortalecer a liderança política e a soberania do Estado, seguindo uma abordagem semelhante àquela proposta por Schmitt. Ao enfatizar a lealdade a Xi Jinping e excluir ideologias do passado, o governo chinês já pensando muito a diante, busca consolidar o poder em torno de um líder forte e garantir a implementação efetiva de suas políticas.
Essa postura adotada pelo governo chinês, com a centralização do poder em torno de Xi Jinping e a exclusão de outras ideologias do livro de regras do governo, pode ser vista como uma manifestação de uma quarta teoria política dentro do contexto chinês.
A quarta teoria política é uma corrente de pensamento que busca transcender o paradigma das ideologias tradicionais, como o liberalismo, o marxismo e o nacionalismo chauvinista, propondo uma abordagem alternativa para o governo e a governança. Essa teoria política emergiu através de pensadores que buscaram uma alternativa antiliberal como uma resposta aos desafios enfrentados pelas políticas de governos que trilham um caminho contra hegemônico no mundo contemporâneo.
No caso da China, o governo parece estar desenvolvendo uma abordagem que se distancia das ideologias anteriores e busca estabelecer uma forma de liderança política específica para a realidade chinesa. Ao enfatizar a lealdade a Xi Jinping e excluir outras ideologias, o governo chinês busca fortalecer a soberania e a estabilidade política do país.
Por amalgamar elementos do socialismo, do nacionalismo e do cesarismo, o governo chinês está edificando uma narrativa política e uma infraestrutura de poder ad hoc para enfrentar com eficácia os desafios e suprir as demandas da sociedade chinesa contemporânea.
Em última análise, da postura do governo chinês em termos de uma quarta teoria política serve como uma tentativa de compreender a evolução política e ideológica em curso na China, destacando suas características distintivas em relação às ideologias liberais e oferecendo uma lente conceitual para a análise da situação política atual do país.
Fonte de notícia: https://www.firstpost.com/world/china-deletes-marxism-leninism-maoism-other-ideologies-from-government-rulebook-12377642.html/amp