Um país, dois sistemas: A questão de Taiwan

Líderes destemidos: Mao Zedong (Guoqiang Tang), à direita, e Chiang Kai-Shek (Guoli Zhang) acordaram em tentar estabelecer um acordo de paz entre seus partidos políticos.
A questão de Taiwan é intrincada e controvertida, abrangendo considerações políticas, históricas, culturais e diplomáticas. A situação atual é que a República da China (ROC), amplamente conhecida como Taiwan, é um território autônomo com seu próprio governo, economia, exército e controle sobre seus assuntos internos.
Após a derrota das forças nacionalistas lideradas pelo General Chiang Kai-Shek na Guerra Civil Chinesa, ocorrida entre 1947 e 1949, os nacionalistas, marginalizados pelos maoístas, refugiaram-se na ilha de Taiwan e estabeleceram a sede administrativa do governo da República da China (ROC) lá. Após essa derrota, o Partido Comunista Chinês (PCC), liderado por Mao Tsé-tung, assumiu o controle da China continental e estabeleceu a República Popular da China (RPC) em 1949.
Desde então, a ROC em Taiwan manteve-se como um governo autônomo, com sua própria constituição, sistema político, exército e economia. O governo da ROC considerou-se a legítima continuação do governo chinês estabelecido em 1912, após a queda da última dinastia imperial, e buscou unificar a China sem a influência comunista. A RPC, por sua vez, considerou-se o único governo legítimo de toda a China.
Essa situação resultou em uma divisão política entre a RPC na China continental e a ROC em Taiwan, com ambos os lados reivindicando soberania sobre toda a China. Essa divisão levou ao estabelecimento de diferentes sistemas políticos, econômicos e sociais nos dois territórios.
Desde a derrota nas eleições de 2016 em Taiwan, os nacionalistas chineses deixaram o poder na ilha, tornando-se oposição desde então. A ideia de separar a ilha da China continental ganhou força quando os chamados “verdes” chegaram ao poder, mantendo uma sequência de vitórias e influência no governo, a ponto de tornarem a separação uma pauta na ilha. Ao contrário da posição dos nacionalistas, que sempre defenderam a unidade chinesa e desejam eventualmente reunificar-se pacificamente com a China continental, desde que isso ocorra em termos mutuamente acordados e respeitando os interesses e desejos dos taiwaneses.
O posicionamento oficial do governo continental é que Taiwan é parte inalienável do território chinês e que a reunificação é uma questão de grande importância para a China. O princípio de “um país, dois sistemas” foi originalmente proposto por Deng Xiaoping, então líder da China, como uma forma de alcançar a reunificação pacífica, oferecendo não só a Taiwan, mas também a Hong Kong e Macau um alto grau de autonomia dentro da estrutura política chinesa. É importante ressaltar que, mesmo que Taiwan tenha suas próprias instituições, governo democrático, economia próspera e uma identidade distinta, o território sempre esteve inserido no contexto chinês.
Embora alguns países não reconheçam oficialmente Taiwan como um Estado independente, muitos têm relações econômicas e políticas informais com a ilha. No geral, a questão de Taiwan é complexa e envolve uma série de fatores históricos, políticos e culturais. A busca por uma solução pacífica e mutuamente aceitável continua sendo um desafio para as partes envolvidas.
Por Guilherme Fernandes