O Liberalismo como único inimigo na contemporaneidade

Os males presentes no fascismo e no comunismo são visíveis e diretos, confrontando abertamente seus inimigos e perseguindo suas intenções de maneira clara. No entanto, o liberalismo é um inimigo malicioso, que age de forma insidiosa, conspiratória e corrupta. Seu mal é mais sutil, minando lentamente o vigor, a vitalidade e o espírito dos povos e civilizações. O liberalismo é capaz de se disfarçar e até perverter a percepção do homem, levando-o a acreditar que seus males são benefícios. Por essa razão, o liberalismo é o inimigo mais perigoso e exige máxima cautela.
É possível que essa seja uma das razões pelas quais o liberalismo tenha saído vitorioso no embate entre as três primeiras teorias políticas modernas. Se a disputa entre essas teorias era para decidir qual projeto político assumiria a direção da modernidade, apenas aquele projeto que fosse mais condizente com a essência da modernidade poderia prevalecer.
Como mencionado pelo autor, a derrota no embate político é vista como um mérito, pois indica que um projeto teórico não é o mais compatível com a modernidade e ainda carrega traços do Mundo da Tradição. De fato, nas teorias políticas derrotadas, existe um grau de clareza solar (maior no fascismo, menor no comunismo) que, na prática, acaba resultando em uma ingenuidade desprovida de armas para confrontar a malícia e a astúcia lunar do liberalismo.
O mundo atual, o deserto em que vivemos, é o mundo do triunfo do liberalismo. Seus tentáculos se estendem por quase todos os cantos do globo. Após vencer a batalha ideológica pela modernidade, o liberalismo conduz a própria modernidade ao seu fim, reivindicando para si o “Fim da História”.