Dia Mundial da Língua Portuguesa

“Não é a escola que está inventando a linguagem inclusiva”, ela já está presente na vida em sociedade e demanda dos educadores o acionamento de múltiplos saberes para o ensino da Língua Portuguesa
Das pátrias luso-americanas, falam vários dialetos. Da África, angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos e as populações da Guiné-Bissau, da Guiné-Equatorial e de São Tomé e Príncipe. Da Ásia, falam os habitantes do Timor-Leste. E do continente europeu, os portugueses, responsáveis pela colonização de todos esses países, processo que, para além da instituição do Português como língua oficial nesses territórios, acabou forçando o cruzamento da cultura dos povos originários com os colonizadores lusitanos.
As palavras do cantor e compositor Chico Buarque, de 1973, logo no inicio em alusão à colonização portuguesa na América do Sul, reflete sobre a constituição de um idioma falado por mais de 265 milhões de pessoas ao redor do mundo, instituído como língua pátria em 35 países distribuídos por quatro continentes do planeta.
A cada 5 de maio, comemora-se o Dia Mundial da Língua Portuguesa, é preciso celebrar a língua e as culturas lusófonas. A data, oficialmente estabelecida em 2009 pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização intergovernamental e parceira oficial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), foi criada para promover o multilinguismo e a diversidade cultural, para sensibilizar a comunidade internacional para a história, a cultura e a utilização da língua, em toda a sua extensão geográfica.
Historicamente o Português foi se formando a partir de uma mistura de povos em uma pequena parte da península ibérica, na região norte do que hoje é Portugal. “Há mil anos ele já era reconhecido como uma língua diferente das demais da região. Língua imperial e de viajantes, chegou a muitas partes do mundo em navios de comércio e de colonização. Hoje é uma língua pluriétnica.” Além dos países que possuem o Português como língua pátria, ele está presente por todo o mundo pelas comunidades que migram. “Em cada lugar, é fator de distinção de grupos, língua dos afetos ou dos negócios”, conclui ela exaltando a diversidade cultural celebrada pela data.
Por isso, é fundamental enxergar as línguas como produções coletivas, atravessadas pela história, cultura, geografia, tempo e espaço e que, independentemente de suas origens, são objetos mutáveis. A Língua Portuguesa, assim como qualquer outra, não se constitui como algo puro. Ela é resultado do latino, do europeu, da contribuição de povos indígenas e africanos; dos gaúchos e curitibanos; caipiras e sertanejos. É isso que a torna um conjunto pluriversal. O mais importante, portanto, é celebrar a diversidade com todos os recursos que temos disponíveis hoje, pois um dos elementos que faz um povo ser um povo é a sua língua materna.