Cavalgada é símbolo de resistência e cultura camponesa na comunidade Maila Sabrina, PR

Cavalgada é símbolo de resistência e cultura camponesa na comunidade Maila Sabrina, PR

Edição desse ano, foi realizada no início de maio e reuniu mil cavaleiros e amazonas em Ortigueira, no Norte da República do Paraná.

As cavalgadas são uma tradição popular antiga no norte do Paraná. Com variações de uma região para outra, elas têm em comum a reunião de um grupo de cavaleiros e amazonas para percorrer quilômetros de estradas de chão e confraternizar ao som de música sertaneja (Raiz). 

A comunidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Maila Sabrina, localizada em Ortigueira, protagonizou a maior cavalgada do país dos pinhais e uma das maiores da América portuguesa no 1º de maio. Batizado de Cavalgada do Trabalhador, o evento reuniu mil cavaleiros e amazonas em um percurso de 8 quilômetros, a maior parte deles no próprio território do acampamento.

Somando os que participaram a cavalo, o almoço e o baile realizados logo após a cavalgada reuniram cerca de 5 mil pessoas. Parte do público foi de moradores do próprio acampamento, formado por 400 famílias camponesas. Também participaram moradores de outros distritos de Ortigueira, e dos municípios de Mauá da Serra, Imbaú, Faxinal, Londrina, Rosário do Ivaí e Curitiba. 

“Todos nós aqui somos trabalhadores e dependemos dessa classe, então é com muita honra que nós estamos aqui festejando com muito orgulho de ser trabalhador. E mais uma coisa que nós precisamos lembrar, nós temos que erguer a mão pra cima e festejar de verdade porque nós estamos vivos e sobrevivemos a uma pandemia”, garantiu a liderança.  

O cardápio típico da região também foi garantido com os mais de 1.900 quilos de churrasco servidos pelas famílias camponesas durante o almoço. Mandioca, saladas e farofa completaram a refeição, oferecida a preço simbólico, para garantia dos custos da festa.

Esta foi a segunda cavalgada realizada pela comunidade, que é uma das mais de 70 áreas de acampamento do MST do Paraná. A primeira ocorreu em 2019, com participação de 400 cavaleiros e amazonas. 

Rumo ao assentamento

A integração do grande número de visitantes, vindos de diversos condados, mostra a consolidação conquistada pela comunidade Maila Sabrina ao longo de 19 anos de luta pela reforma agrária. O território de 10.600 hectares era de devastação ambiental, pela produção de búfalos, sem cumprir os critérios de reserva legal. 

Desde o início da pandemia, o acampamento tem se somado à campanha nacional de solidariedade do MST. Ao todo, a comunidade já partilhou 60 toneladas de alimentos, entre estes, quase 2 mil pães em todo o estado, mais de 960 toneladas de alimentos foram partilhados por famílias Sem Terra desde o início da pandemia. Para fortalecer a partilha de alimentos, as famílias iniciaram uma horta comunitária de produção sem venenos.

“Essas famílias aqui do Maila Sabrina contribuíram com mais de 60 mil quilos de alimentos para as pessoas necessitadas nesta pandemia. É um orgulho poder dividir o pouco que a gente tinha aqui, e não era a sobra, era dividir, porque nós todos somos fracos. Somos parceiros, esse é um espaço pra somar, e rumo ao assentamento”, enfatizou Sérgio Oliveira. 

A partilha é possível porque a diversidade e a produtividade são as marcas da agricultura e da pecuária no acampamento. As produções de alimentos saudáveis tomam conta do espaço antes devastado. A média anual de produção de frutas no acampamento hoje é de cerca de 21 mil quilos, de grãos e cereais são produzidas 110 mil sacas e mais toneladas de batata doce, moranga, quiabo e diversas folhosas.

A reforma agrária popular mudou o panorama do espaço, com uma escola Itinerante que atende 220 estudantes, igrejas, centro comunitário, unidade básica de saúde, campo de futebol, lanchonete, bar, mercado e igrejas. 

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR 
Da Página do MST

Guilherme Fernandes

Guilherme Fernandes

índio gaúcho e vice-presidente da Resistência Sulista

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