“Quem segura a balança do mundo? Lord Byron e os Rothschild”

Autor: Mateus Pereira
“Os Rothschild são os mestres do banco moderno. Nós testemunhamos os descendentes de Judá, depois de serem perseguidos por dois mil anos, controlando reis, se tornando maiores que imperadores e segurando todo um continente nas mãos. Os Rothschild governam o mundo cristão. Nada funciona sem a aprovação deles. Eles alcançam, com a mesma facilidade, Pertersburgo, Viena, Paris, Londres e Washington. O barão de Rothschild, líder da dinastia, é o verdadeiro leão da tribo de Judá, o príncipe, o messias tão ansiosamente aguardado pelo seu povo. Ele tem em suas mãos as chaves da guerra e da paz, da bênção ou da maldição. Eles são os investidores e conselheiros dos Reis da Europa e dos chefes republicanos da América. O que mais eles querem?” [Weekly Register]
“I see in Rothschild one of the greatest revolutionaries who have founded modern democracy. Richelieu, Robespierre and Rothschild are for me three terroristic names, and they signify the gradual annihilation of the old aristocracy. Richelieu, Robespierre and Rothschild are Europe’s three most fearful levellers. Richelieu destroyed the sovereignty of the feudal nobility, and subjected it to that royal despotism, which either relegated it to court service, or let it rot in bumpkin-like inactivity in the provinces. Robespierre decapitated this subjugated and idle nobility. But the land remained, and its new master, the new landowner, quickly became another aristocrat just like his predecessor, whose pretensions he continued under another name. Then came Rothschild and destroyed the predominance of land, by raising the system of state bonds to supreme power, thereby mobilising property and income and at the same time endowing money with the previous privileges of the land. He thereby created a new aristocracy, it is true, but this, resting as it does on the most unreliable of elements, on money, can never play as enduringly regressive a role as the former aristocracy, which was rooted in the land, in the earth itself. For money is more fluid than water, more elusive than the air, and one can gladly forgive the impertinences of the new nobility in consideration of its ephemerality. In the twinkling of an eye, it will dissolve and evaporate.” [Heinrich Heine]
Niall Ferguson, renomado historiador inglês, diz não saber a causa do meteórico avanço dos Rothschild na Europa no final do século 18. Como uma família que contrabandeava carga conseguiu se estabelecer na indústria têxtil e, não muito tempo depois, alcançou o posto de banqueiros oficiais dos maiores estados europeus, emprestando dinheiro e financiando campanhas militares pelo continente?
Eu fico aqui me perguntando se ele realmente não sabe — o que francamente acho impossível — ou se está só querendo evitar polêmicas. De qualquer forma, quem quiser saber a resposta para essas e outras questões, que leia “Os judeus e a Vida Econômica”, do corajoso Werner Sombart. Está lá a resposta, clara como um céu azul de verão, de como esse grupo conseguiu acumular tanta riqueza ao longo dos séculos.
O poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe, em 1828, disse: “The house of Rothschild is rich but it has required more than one generation to attain such wealth. Such things all lie deeper than one thinks”, mas foi um outro poeta que mostrou destemidamente para o mundo os esqueletos no armário da ‘famiglia’.

Publicado em Londres no ano de 1823, o canto XII de “Don Juan”, de Lord Byron, é uma elegia cínica aos banqueiros, um longo panegírico a essa estranha forma de poder que se estabelecia na Europa e trazia novos modos de governança, tornando possível alguns dos mais importantes avanços militares no continente, a saber: as campanhas napoleônicas, a expansão do Império Britânico e posteriormente a derrubada do czar na Rússia. Os versos são intrigantes, uma sequência inteira de perguntas retóricas em que Byron parece saber as respostas, mas tem certa apreensão em responder. Ele pergunta ao leitor:
“Quem segura a balança do mundo? Pois, quem reina em congresso, monarquista ou liberal? Quem anima patriotas descamisados espanhóis, e faz jornais da velha Europa chiar e palrar?”
E continua com essa clara alusão às revoluções e dando nome aos bois:
“Quem mantém o mundo, velho, novo, os dois, na dor ou prazer? E faz político falaz total? A sombra de Bonaparte nobre e ousada? Rothschild judeu e Baring cristão o camarada.”
O único problema desses últimos versos é o de igualar o poder dos Rothschild com o de Baring, o cristão. Karl Ferdinand von Buol, diplomata austríaco, já apontava para a extensão descomunal do alcance e da influência política dos Rothschild na Europa:
“Essa dinastia tem, através de suas imensas transações financeiras e do crédito, alcançado a posição de REAL PODER. Alcançou com tamanha ferocidade o controle da moeda no mercado financeiro que tem o privilégio de controlar, ao seu bel-prazer, os movimentos e operações estatais das grandes potências europeias.”

E continua, citando alguns exemplos pontuais:
“A Áustria precisa da ajuda dos Rothschild na camapanha de Nápoles e a Prússia, há muito tempo, já teria finalizado sua constituição se os Rothschild não os tivessem feito postergar esse dia.”
Nesse cenário de domínio absoluto, qual o papel do cristão Francis Baring? Byron obviamente o supervaloriza, talvez querendo provocar seu público. A diferença no “balance of power” entre as duas dinastias é DESCOMUNAL, não se compara. Ainda assim, ele conclui fulminante:
“Esses, e o liberal Lafitte, são os verdadeiros senhores da Europa.”
Curiosamente, no final da estrofe, Byron dispara, redimindo todos os seus pecados:
“Cada empréstimo não é mero golpe de especulação, mas firma nação ou trono apreste-o. República envolveu seu quinhão: Sabe-se quem os fundos da Colômbia investe-os na Bolsa, e o chão de prata teu, Peru, é descontado por judeu.”
O que há de genial nesse poema é a crítica ao poder, mas ao poder real *** REAL POWER *** e Byron parece saber com muita clareza de onde emana esse poder misterioso e oculto — de onde será? Como todo grande escritor é, acima de tudo, grande satirista, antes de ir lutar na Guerra de Independência da Grécia contra o Império Otomano, ele fez esse registro feérico: “E Juan, como verdadeiro andaluz, monta cavalo igual déspotas russos”. A interpretação é livre
(os trechos traduzidos foram retirados da monumental tese sobre a tradução da obra de Lucas de Lacerda Zaparolli de Augustini — literalmente monumental, pois são mais de 1.300 páginas)
Post scriptum:

“Eu não me importo qual marionete será colocada no trono inglês. O homem que controla o dinheiro da Inglaterra, controla o império britânico, e eu controlo o dinheiro da Inglaterra.”
(Nathan Rothschild, o irmão mais linha dura da família. Por isso era chamado de “o Bonaparte das finanças”. Tinha tolerância zero com quem fazia corpo mole ou com desertores, daí a comparação com Napoleão. A influência da famiglia nos principais eventos políticos da Europa, sobretudo nas campanhas napoleônicas, são evidentes: foram os principais financistas de exércitos revolucionários e ajudaram o Império britânico a estabelecer as bases de seu domínio – como ele tão escancaradamente revela nessa citação. É fascinante ler a respeito porque percebemos o quanto os estados europeus estavam NAS MÃOS dos Rothschild e DEPENDIAM deles. Louis Germain Martin disse, em um estudo pormenorizado sobre o papel dos judeus como financistas no final do reinado de Luis XIV na França, a seguinte frase, não sem ironia mordaz: “Os judeus sustentam a Europa como a corda sustenta o enforcado”.)
