Argentina na nova fase da globalização

Argentina na nova fase da globalização

Por Juan Martin González Cabañas

Tradução Guilherme Fernandes / Resistência Sulista

Durante a década de 1990, com a extinção da União Soviética em dezembro de 1991, o mundo foi hegemonizado no que se pensava ser o “Fim da História”: a supremacia do liberalismo político ocidental e da (hiper) globalização econômica. 

A proposição dos principais pensadores e líderes era que, com essa nova – e última – onda globalizante, a humanidade viveria em um próspero jardim kantiano interconectado e interdependente (da paz perpétua). 

A liberação das forças econômicas encontraria todas as soluções para os problemas da “Aldeia Global”. Tais alegações mais tarde provaram ser muito otimistas.     

Nesse contexto, com força avassaladora, prevaleceu em nossa região e em nosso país a retórica e a práxis do Consenso de Washington, cuja ideia principal era “O mercado dita e a política administra” -e administrando de forma totalmente subsidiária-, por isso estavam embarcando na fase neoliberal da globalização que estava substituindo o consenso keynesiano do pós-guerra.

A falta de um necessário e adequado equilíbrio de poder mais horizontal (Unipolaridade), além da excessiva influência dos organismos financeiros internacionais na tomada de decisões econômicas, e a volatilidade da própria natureza das finanças, fizeram com que o desenvolvimento da América Latina e nossa país foram comprometidos.

        Mas este estágio do Sistema-Mundo sofreria 3 terremotos: 

  • Primeiro, um embate político-cultural com os acontecimentos de 11 de setembro e as intervenções dos EUA no Oriente Médio (a guerra ao terror).
  • Depois uma explosão económica: a crise de 2008 (sub-prime) onde ficou evidente que as finanças deixadas ao acaso produzem efeitos desestabilizadores na economia mundial e no tecido social. A consolidação de um bloco pós-ocidental (os BRICs) também ficou evidente.
  • E, finalmente, e recentemente, a pandemia de Covid 19 como crise holística revela o esgotamento definitivo da fase neoliberal da globalização.

A natureza holística da crise que a pandemia implicou se traduz em quatro crises simultâneas: A) crise sanitária B) crise socioambiental C) crise sociopolítica e econômica e D) crise de mutação do poder mundial (Miguel Barrios).

Neste último aspecto, pensemos que estamos testemunhando atualmente uma mudança no equilíbrio do poder mundial: 

Os Estados Unidos não são mais o único ator de alto nível, mas já se observam elementos de um mundo multipolar, em que a China começa a mostrar seu potencial, a Rússia se recusa a ser rebaixada da discussão geopolítica (os últimos acontecimentos na Ucrânia – assim como outros – os exemplos refletem isso), e onde surgem novos blocos altamente dinâmicos em termos geoeconômicos, como a ASEAN. 

Em tal cenário, a Argentina deve alcançar a soberania ou autonomia multidimensional. Não apenas os personagens clássicos de autonomia ou soberania entram nesta última categoria, mas novos fatores entram em jogo, como a autonomia no desenvolvimento tecnológico, de comunicação e de informação.

As questões que estão sendo discutidas atualmente por pensadores públicos e tomadores de decisão são: 

Como será a nova globalização pós-neoliberal? A ordem multipolar será multicivilizacional e desoccidental? Como as novas tecnologias afetarão a coesão dentro das sociedades? Como as Mudanças Climáticas afetarão a estabilidade social e geopolítica?

Portanto, o cenário mundial que se apresenta à Argentina hoje após a pandemia nos convida a:

  • Retomar um novo rumo regional -através da integração com nossos países irmãos- para superar a turbulência da competição entre grandes potências, podendo conformar-se a um pólo geopolítico continental com sua própria gravitação.
  • Promover modelos económicos e políticos humanistas, ao serviço do povo, consolidados através do conceito de Amizade Social. 
  • Estabelecer um caminho ecológico, sustentável e sustentável de nossa atividade econômica para o cuidado da Casa Comum sem comprometer o desenvolvimento humano.

Fonte: https://www.lt7noticias.com/18014-argentina-en-la-nueva-fase-de-la-globalizacion

Guilherme Fernandes

Guilherme Fernandes

Membro da Resistência Sulista e Dono do blog Tierra Australes. Também um ativista ferrenho pela reunificação do Uruguai e do Rio Grande do Sul como uma só pátria sob o estandarte de José Artigas.

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