O Mito Sanmartiniano: O Máximo Caudilho Ibero-americano

Por Guilherme Fernandes / Resistência Sulista
Há 171 anos, o Caudilho e Libertador dos povos, e distinto emancipador da América e alma dos valores austrais mais profundos, José de San Martín morreu em Boulogne-sur-Mer (França) aos 72 anos.
José de San Martin foi um general argentino e o primeiro líder do Sul da América do Sul que obteve sucesso no seu esforço para a independência da Espanha, tendo participado ativamente dos processos de independência das Províncias Rio-platenses, do Chile e do Peru.
Foi uma das figuras mais influentes da América Ibérica, por seu pensamento antiimperialista e seu sonho de unificar a América do Sul mas sem seguir o mesmo rumo unitário dos espanhóis e de Bolívar.
A figura de San Martín no final do século XIX, passa a ser utilizada para se criar uma narrativa heroica com o objetivo de se tornar parte importante da história Rio-platense. Cujos feitos e discursos antes e durante as guerras de Independência já apontavam San Martin como uma figura capaz de unificar os platinos, o afastando de um personagem ditatorial movido por interesses de poder próprio. Assim nasce o Mito Sanmartiniano apresentado como um herói dos tempos modernos portador de qualidades raras e virtudes incomuns.
A simplicidade da vida do mito, dada sua origem em Yapeyú um antigo povoado jesuítico com forte presença indígena, devido a isso, suas características etnicas similar aos índios como sua cor morena e seus olhos negros, passa a destaca-lo. Fazendo sua origem hispana e nativa em sua composição genética reforçar suas relações míticas com as camadas mais baixas da sociedade platina, descrevendo San Martín como um homem que preferia viver longe dos salões urbanos e mais próximo do mundo simples e campeiro.
Transformando a biografia do herói em uma narrativa ideal em nossa história nacional. Por isso, é San Martin que segue sendo a maior e mais fiel representação do pensamento emancipatório dos povos sul-americanos. O homem em dificuldades é uma fonte inesgotável de inspiração na luta antiimperialista.
Trajetória de vida essa, que afastava San Martin das características negativas de outros dois mitos, como o escravismo de Washington e a liderança autoritária de Bolívar. A decisão de San Martín de deixar o Peru para não desgastar ainda mais o povo peruano e evitar conflitos com Bolívar, além de não querer contribuir com a expansão da Influência dos portenhos que prejudicaram a autonomia nacional
com suas guerras civis pró-Inglaterra e Brasil. Tudo isso, dava força a imagem de um verdadeiro guardião.
O legado Sanmartiniano então é um precursor de um nacionalismo autenticamente platino, gaúcho e ibero-americano, visando a soberania de nosso continente e a democracia direta entre os povos irmãos, o que inclui a Espanha, que buscava formas de conciliação e negociação em vez de conflitos e guerras gerados pelos ingleses e brasileiros.
Honra e glória à essa máxima figura austral, argentina e americana que simboliza o espírito de sacrifício e humildade, humanismo e obrigações para com o seu povo.
Nunca um conquistador, sempre como um defensor da liberdade e da independência, nunca condenado à submissão de outros povos, mas à solidariedade e ajuda inclusiva entre todos os habitantes da América Ibérica.
San Martín levou o povo mestiço, heterogêneo e culturalmente baseado no sincretismo, à possibilidade de não depender mais do que de seu próprio direito à autodeterminação. Ele incutiu valores, ordem e respeito pelo outro sem distinção.
Como Artiguista Sanmartiniano, permito-me supor que as cartas entre o Restaurador e o Libertador são a prova mais confiável de que Dom Juan Manuel de Rosas compreendeu perfeitamente a natureza pura na mensagem de San Martin. O que fez com que o próprio repassasse o seu sabre a Rosas.
De sua luta, seu sacrifício e sua perseverança para deixar para nós, sul-americanos, uma terra onde possamos respirar livremente. Hoje cabe a nós não destruir o sonho desses grandes homens, e repassa-los a cada geração vindoura.
“Se formos livres, tudo sobra”. – José de San Martín