Felipe Rotta: Declinismo – O Novo Filtro do Establishment

Felipe Rotta: Declinismo – O Novo Filtro do Establishment

Há um tempo atrás quando estive focando todas as minhas energias na obra de Oswald Spengler, procurei algumas análises além das que norteiam sua obra. Uma porção de leituras esdrúxulas, porém, no meio marxista houve algum resultado interessante — ainda que estivessem muito abaixo do nível. No entanto, encontrei por aí um artigo de opinião que classifica as ideias de Oswald Spengler e, num leque geral, dos tradicionalistas, como “Declinismo”. O que estaria por trás disso e como as obras dos autores tradicionalistas estão começando a chamar a atenção dos liberais mais fervorosos?

O que se costuma chamar de declinismo não é uma novidade. Desde a época em que o Marxismo e as demais escatologias ocidentais estavam prevendo o grande colapso do Capitalismo, havia o grande alarde semi-apocalíptico na Europa, algo que foi intensificado com a Primeira Grande Guerra. Mas hoje, conforme novas edições, traduções e divulgações das obras de autores como Oswald Spengler, René Guénon, Julius Evola e Ernst Jünger, uma nova safra de pessoas estão se aproximando das ideias de tais autores. Apesar de serem autores um tanto discretos, o resultado de suas leituras por jovens inexperientes acaba não sendo assim, o que ocasiona um barulho nos ouvidos dos justiceiros sociais. Mas veja: isso é apenas um dos fatores que explica tais ideias se alastrando, mas não a totalidade do problema.

A grande diferença entre o problema ser tão relevante nos dias de hoje e, de certa forma, tão ignorado no século XIX, é especificamente pelos porta-vozes: no caso, o Marxismo como o maior agente. Não é segredo algum que a diferença entre o Marxismo e as teorias políticas que visam superá-lo é o simples fato de que o primeiro quer expropriar o Capital, o segundo quer transcendê-lo. De certo modo, o alarde fica maior porque é perceptível que não basta plantar outras folhagens num solo que já está contaminado. Enquanto se propõe uma reforma ou revolução, por mais radical que seja, a essência do problema permanece. O problema mudará de ocasião, de discurso e matéria, mas sua forma continuará a mesma; e isso não é algo considerado ruim aos ouvidos mais sensíveis. Agora, quando se faz o diagnóstico de que a raiz do problema está há muitos séculos atrás e por motivos que muitos nem sequer imaginavam, o quadro muda de forma drástica: pois não são apenas alguns elementos do tabuleiro que devem ser substituídos, mas toda a concepção do jogo, e isso apavora quem conspira contra a integralidade do homem e seus princípios.

Por isso que hoje, como pura moda, mas não de forma inocente, qualquer ideia que vá de encontro ao status quo é rotulada de conspiração em menor ou maior grau, e a ideia da Tradição também não escapa. Nos dias atuais da grande mídia financiada por corporações que apenas querem nos proteger das fake news, é evidente que a ideia de que nossa gloriosa civilização ocidental estar em ruínas é um caso de extremismo, loucura e nazismo — por que não? Os donos do poder lutam com as armas que possuem, e vale tudo contra quem está nadando em sentindo oposto à cascata, desde a mais leve censura à prisão — como ocorreu com Alain Soral da forma mais covarde.

Uma coisa é certa: quem confirma que há uma conspiração em torno da ideia de que nossa civilização perdeu sua essência e está caminhando ao mais titânico colapso não está apenas em cima do muro, mas está se beneficiando com alguma coisa. Assim como o porco jamais se queixa da sujeira em seu chiqueiro, os liberais recebem sua lavagem enquanto o lodo sufoca a civilização ocidental há pelo menos três séculos, e ainda batem palmas enquanto o barco afunda.

A questão, além das provas consistentes, é muito mais intuitiva: há alguém que considere que o mundo atual não está num estágio totalmente doentio, perverso e desumano sem estar mentindo? Há quem afirme que a ideia de que nosso mundo está em constante declínio é algo perigoso, mas a pergunta persiste: perigoso para quem? A resposta todos nós já sabemos. É sempre importante lembrar que não existe meio termo quando se põe na mesa o Ocidente como agente e a Tradição como sua mais feroz antítese. O declínio do Estado, da família, das religiões, da propriedade e o abuso tirânico da elite parasitária não é atual, e as medidas contra isso surgem de forma orgânica; não é à toa que toda a concepção de Spengler a respeito dos ciclos das civilizações teve como sua maior influência os trabalhos de Ciência Botânica de Johann Wolfgang von Goethe. Toda reação contra um mundo em ruínas e prestes a desabar é fruto natural da própria civilização que está adoecendo, e podemos incluir aqui o maior fator cuja característica é a atemporalidade: a Tradição.

Está muito claro que o debate está fora de questão. Debate é apenas uma forma de dar legitimidade e status de igualdade a quem não merece quem rejeita a verdade como conspiração não está no direito de discutir e quem dá voz aos mesmos, já perdeu. Como dizia G.K. Chesterton: “Haverá um dia em que precisaremos provar que a grama é verde” — bem-vindos a era do Pós-Liberalismo!

Texto de: Felipe Rotta
Extraido (Clipping): https://www.osentinela.org/felipe-rotta-declinismo-o-novo-filtro-do-establishment/ – O Sentinela

Felipe Rotta

Felipe Rotta

Graduando em Ciência Política, cristão ortodoxo e catarinense.

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