A Supressão da Cultura do Imigrante

A Supressão da Cultura do Imigrante

Pouco se fala sobre a dura realidade dos nossos antepassados imigrantes ao chegarem nesta terra. Iludidos com promessas de terra e trabalho digno, eles aqui chegaram em levas durante o século XIX e XX e se depararam com uma outra realidade, totalmente diferente da imagem construída pela propaganda do governo que era vendida em suas terras de origem. Deixaram a Europa onde estavam calejados de guerras, perseguições religiosas e escassez de trabalho, aqui ajudaram a construir grande parte da nossa pátria Sulista. Mas o Brasil jamais respeitou ou foi grato à essas famílias, pelo contrário, as explorou e vitimou o quanto pôde.

Além das fontes históricas, muitos de nós podemos relatar tais histórias familiares por intermédio dos pais, avós, bisavós. Grande parte dos antepassados que aqui chegaram, eram representantes da classe baixa europeia, trabalhadores rurais de pequenas propriedades, artesãos ou proletários. Gente simples que foi enganada pela promessa do novo continente. Aqui chegando, tiveram que desbravar matas, construir estradas e moradias, enfrentar terrenos inférteis ou arenosos nas condições mais precárias. Sofreram com a mentira da subsistência do governo no início de sua chegada, nem a demarcação de suas terras eles tinham, um projeto definitivamente muito brasileiro. Apesar de toda a luta, fizeram um trabalho árduo e construíram muito do que conhecemos hoje. Mas todo esse esforço nunca foi reconhecido pelo governo.

Durante a era Vargas, os imigrantes ganhariam outra surpresa do estado brasileiro: que abandonassem sua cultura. Esses que conseguiram vencer o descaso do governo, deveriam agora abandonar suas raízes, toda sua identidade deveria ser apagada, pois, sob pena de prisão, os imigrantes eram proibidos de falar qualquer língua estrangeira. Lojas e clubes foram vandalizados, escolas alemãs foram fechadas. Os cultos religiosos só podiam ser ministrados em português, muitos pastores e padres foram presos nesse período por evangelizarem os que ainda não falavam o idioma. Os imigrantes foram afastados da diretoria de empresas, associações beneficentes e culturais. Lembrando que essa nacionalização também os forçou a “abrasileirarem” seus nomes, o que hoje dificulta o processo da história da família, por exemplo.

A seguir, um relato de como era a vida nessa época:

“Em Joinville, um ‘auf Wiedersehen’ (até logo), num ponto de ônibus, levou Onkel à prisão onde tomou óleo de rícino como castigo (…). O casal Volkl conversava no quarto antes de dormir, era noite, mas um espião ouviu e lá fora ele para a prisão; na barbearia do Hoffmann, barbeiro e cliente trocaram duas palavras em dialeto alemão, sem se aperceberem que embaixo da janela havia um policial: Prisão! Conforme relata o depoente, os detidos eram levados para o manicômio Lehmann, localizado nos fundos do cemitério municipal.” – Trecho do livro Memória de uma Outra Guerra, de Marlene de Fáveri.

Aqui temos dois grandes exemplos da tirania e ingratidão varguista contra esses povos: em Curitiba,o então Verein Deutscher Saengerbund (Associação Alemã de Cantores), hoje Clube Concórdia, teve seu nome apagado da fachada e, assim como o clube italiano Giuseppe Garibaldi, seus móveis foram destruídos, incluindo um piano, de valor inestimável, foi jogado do palco do salão principal. A Liga Nacional e o Tribunal de Justiça do Paraná se apropriaram das edificações no período. O segundo exemplo é a história do paranaense Max Wolff, que morreu em combate pelo Brasil na Segunda Guerra e ainda assim era chamado de nazista por ser filho de alemão. A campanha de que todo estrangeiro que entrasse para o exército se tornaria um verdadeiro brasileiro, era pura falácia. Eles eram interessantes porque falavam a língua do inimigo, depois de usados, não podiam retornar nem mesmo às suas cidades de origem, pois deveriam romper seu vínculo com a família.

A história se repetiu em muitos momentos para nós, Sulistas. Passando pela exploração, descaso e desrespeito aos nossos antepassados, e hoje, ao nosso povo. Somos apunhalados e nossa história é suprimida. Não devemos nada ao Brasil, nosso espírito jamais será compatível com esta dita pátria, a nossa pátria verdadeira é e sempre será a Pátria Sulista.

Texto: Karoline Martins

Redação

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Administrador da verdadeira dissidência política da América Austral.

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